Uma nova política industrial para a Europa

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Álvaro Santos Pereira lançou o mote e, surpreendentemente, outros quatro ministros europeus ligados à economia e à indústria associaram-se à ideia e, juntos, defendem em carta conjunta a reindustrialização da Europa como principal foco dinamizador da economia europeia.

«Estamos a atravessar um momento decisivo para o futuro da economia europeia. Em todo o mundo, os padrões de crescimento e as fontes de competitividade estão a mudar de forma dramática. As economias emergentes, por exemplo, estão a tornar-se agentes importantes a nível mundial, alterando a estrutura das cadeias de valor global e provocando flutuações profundas nos equilíbrios do poder económico.

O quadro atual apresenta desafios - mas também oportunidades. As empresas europeias, os empreendedores e os trabalhadores devem ser capazes de criar uma estratégia de negócios com uma perspectiva global adaptada às constantes mudanças das tendências de mercado. Isso requer novas competências e talentos que permitam competir e conquistar um espaço na arena internacional.

Infelizmente, a Europa como um todo, afetada pela crise financeira, não está a conseguir lidar com estas mudanças ao ritmo mais adequado. Não obstante a diversidade das estruturas económicas, os estudos mostram que temos um sector industrial europeu estagnado, o que tem limitado a nossa capacidade de lançar as bases para voltarmos a ter um crescimento sustentado. Apesar de a União Europeia permanecer uma potência industrial, três milhões de empregos desaparecerarndesde 2008 no sector, e a produção industrial caiu 10 por cento em comparação com os valores pré-crise.

O nosso sucesso futuro depende de termos um modelo de crescimento forte, diversificado e sustentado, um modelo em que a indústria desempenhe um papel de relevo na criação de emprego, no investimento e no capital humano. Uma base industrial forte, renovada e moderna permitirá que a economia real conduza à recuperação europeia

Existem, nos nossos países, alguns bons exemplos. Há vários sectores em que a Europa é líder. No entanto, são necessárias mais empresas competitivas, a operar em mais sectores, num ambiente cada vez mais aberto e internacionalizado.

Imagina como será o mundo económico em 2050? Veja aqui o estudo do Banco HSBC!

Cabe aos nossos estudantes, investigadores, trabalhadores e empreendedores inovar e desempenhar um papel de liderança nesta transição. Mas as autoridades públicas também têm de adoptar medidas que fortaleçam as empresas e o meio empresarial em que estas operam.

Temos de visar estas reformas tanto ao nível nacional como europeu. E há várias frentes: através da promoção de reformas estruturais; ao conseguir que a regulação fomente a competitividade; e desenvolvendo 'uma política industrial que seja capaz de fortalecer as bases da nossa indústria e ao mesmo tempo nos ajude a diminuir os nossos principais desequilíbrios.

Muitos países Europeus estão a combater as suas grandes fragilidades através de reformas profundas que apoiem a competitividade, a criação de emprego e a inovação. Mas também é preciso uma resposta forte ao nível europeu. Este é o espírito que norteia as reuniões dos Conselhos da Competitividade, que são de uma importância estratégica para o futuro da economia real europeia. Estas reuniões estão a lançar as fundações do novo crescimento, baseado em produção e investimentos competitivos, ao mesmo tempo que equilibram e complementam as medidas adotadas pelo Ecofin. (…)»

Álvaro Santos Pereira (Ministro da Economia e Emprego português);
José Manuel Soria (Ministro da Industria espanhol);
Corrado Passera (Ministro do Desenvolvimento Económico italiano);
Arnaud Montebourg (Ministro do Relançamento Económico francês);
Philipp Rösler (Ministro da Economia e Tecnologia alemão)